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  • Saúde: gastos dos brasileiros crescem nessa área com peso maior de remédio e exames


  • Famílias e governo estão gastando mais com saúde. Os gastos subiram para 9,7% do PIB em 2021, ante 8% em 2010. Envelhecimento da população e avanço da tecnologia explicam essa alta.

No Brasil os gastos com saúde aumentaram entre os anos de 2010 e 2021, com as famílias gastando mais com remédios e exames nos últimos dois anos. 

A despesa das famílias foi superior as despesas do próprio governo no setor, cujos gastos se mantiveram relativamente estáveis no mesmo período.

O maior custo fez a participação deste setor na economia saltar de 8% do PIB (Produto Interno Bruto), em 2010, para 9,7% do indicador, em 2021. 

Esses são dados da Conta-Satélite de Saúde do IBGE, uma pesquisa que mede despesas do país com o setor, dados foram divulgados nesta sexta-feira.

Ao total, as despesas com saúde somaram R$ 872,7 bilhões em 2021. No ano anterior, foram R$ 769,0 bilhões. 

Foram considerados fatores que contribuíram para esse aumento no setor : o envelhecimento da população brasileira e o avanço das tecnologias, explica Tassia Holguin, analista do IBGE.

“Antigamente, íamos ao médico e era feita uma análise clínica com poucos exames. Hoje, com novas tecnologias, a tendência é fazermos mais exames. Quando as pessoas estão internadas também. O nível de complexidade aumenta, assim como o gasto com medicamentos. A saúde tem uma tendência de participação crescente na economia, diferente de outros setores que podem sofrer redução.”

Para a analista, a oferta do setor público e do setor privado terá que se adequar a essa demanda.

A pesquisa realizada também revelou o peso do setor da saúde sobre os postos de trabalho no país. 

Segundo dados, atividades relacionadas à saúde representavam 5,3% das ocupações em 2010 (ou 5,2 milhões) e passaram para 8% em 2021.

No entanto, as remunerações do setor totalizaram R$ 372,3 bilhões e correspondiam a 10,5% do total da economia em 2021.

Famílias estão gastando com saúde mais do que governo

A análise envolve o que é consumido pelas famílias e pelo governo no âmbito do consumo de produtos e serviços no setor. 

Com relação as famílias, há gastos com planos de saúde, compra de medicamentos, consultas particulares, realização de exames e internações.

As despesas realizadas pelo governo incluem os serviços de hospitais e unidades públicas de saúde, além de serviços adquiridos do setor privado.

A pesquisa aponta que a parte de gastos das famílias ganhou mais participação ao longo dos anos. As famílias tiveram gastos com bens e serviços de saúde equivalentes a 5,7% do PIB em 2021. Em 2010, esse percentual era de 4,4%.

As despesas das famílias com serviços privados de saúde perderam espaço para o gasto com medicamentos, que aumentou nos últimos anos. 

De acordo com o IBGE, os gastos com serviços privados, incluindo plano de saúde, respondeu por 63,7% do total dos gastos de consumo final com saúde das famílias em 2021. 

Nos anos de 2020 e 2019, esses percentuais foram de 64,9% e 67,5, respectivamente.

De outro lado, o gasto com remédios pelas famílias representou 32,5% do total das despesas em 2020 e subiu para 33,7% em 2021.

Os gastos com saúde do governo sofreu mais oscilações ao longo da série histórica. A parcela de 3,6% em 2010 aumentou até 2016, quanto atingiu 4%. Naquele ano, o país enfrentava o início de uma crise econômica. 

Em 2017, o gasto apresentou uma queda para 3,9% e depois manteve-se estável em 3,8% entre 2018 e 2019. Os gastos chegaram a crescer para 4,2% em 2020, mas foi reduzido para 4% em 2021.

Período de pandemia

Após uma retração de 4,4% em 2020, o consumo de bens e serviços de saúde apresentaram expansão de 10,3% em 2021. 

Uma recuperação mais expressiva do que o consumo de outros produtos 'não saúde', que também recuaram 4,4% no primeiro ano da pandemia e tiveram alta de 2,3% no ano seguinte.

De acordo com Tássia, do IBGE, o setor da saúde apresenta uma elasticidade por conta da sua essencialidade. 

No início da pandemia de Covid-19 a necessidade de isolamento social fizeram com que as pessoas não fossem aos hospitais e realizassem exames de rotina. 

No entanto, a importação das vacinas a partir de 2021 e a retomada das consultas de rotina explicam a recuperação da atividade.

“Em 2020, observamos uma queda na quantidade de procedimentos ambulatoriais e hospitalares, como consultas e cirurgias eletivas. No sentido oposto, em 2021 houve um crescimento do consumo de bens e serviços de saúde, o que pode ser parcialmente atribuído ao início da campanha de vacinação contra a Covid-19, ao aumento do consumo de medicamentos e à retomada da realização de consultas, exames e cirurgias eletivas.”